quinta-feira, 19 de maio de 2011

Gonguê: o multiculturalismo


No site da Fundação Palmares, estão disponibilizados vários pacotes didáticos, dentre eles o "A Cor da Cultura", produzido pelo projeto homônimo. Neste projeto, cuja "perspectiva metodológica compreende que o conhecimento deve ser sempre construído e reconstruído. Sobretudo, coletivamente, valorizando os saberes e experiências individuais."*, fica clara a orientação em conformidade com o multiculturalismo característico das teorias pós-críticas.
Constituído de quatro livros, o pacote didático contém ainda o CD Gonguê, produzido e composto por Fernando Moura e Carlos Negreiros, com 16 faixas de áudio, nas quais os ritmos e instrumentos africanos são apresentados através do rock, do samba, do pop... é a diferença apresentada através da identidade.
Mais do que promover a cultura africana, este material nos lembra da valiosa contribuição da perspectiva crítica do multiculturalismo: as diferenças - sempre relativas a algo - são resultados das relações de poder. Entretanto, sob às diferenças igualamo-nos pela nossa humanidade comum.

O lindo livreto do CD Gonguê está disponível AQUI, onde constam as imagens dos instrumentos que são abordados e utilizados no áudio.

*Sobre este projeto, veja em http://www.acordacultura.org.br/, de onde obtive as informações acima.
**A imagem é uma obra do artista plástico Carybé.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

LDB e PCNs: autonomia X controle

Sendo a Educação Básica um dever do Estado, compete a ela a sua regulamentação.
Sabemos que no Brasil, desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996, não há mais um currículo mínimo comum. O que dispõe sobre conteúdos e metodologias, além da LDB, são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) cuja "função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual" (p.10)*.
Dessa forma, não apenas o Governo Federal, através do Ministério da Educação, 'produz' currículo: há muito mais agentes curriculares atuando para tal, cada um na sua área de competência.
Os PCNs são diretrizes, a partir das quais professor e escola escolherão o que, quando e como ensinar, assim como optarão por não fazê-lo, se esta for a sua escolha. Cada qual tem autonomia na sua área de competência.
Entretanto, como saber o que e/ou o quanto os estudantes aprendem de fato?
Para isso o Ministério da Educação criou instrumentos que objetivam não só a a avaliação dos alunos: ENEM, Provinha Brasil, Prova Brasil, Saeb [e até os vestibulares] avaliam também, de forma mediada, escolas e professores .
Ora, se determinados assuntos serão exigidos de determinadas formas, cadê a autonomia?
Dessa forma, podemos dizer que está sendo constituído, de forma articulada, um currículo nacional: pois sob a autonomia há uma severa rede de controle.

*Parâmetros Curriculares Nacionais - Introdução aos PCNs. Volume 1, 1997.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ensino e ideologia


Neste domingo (01/05), a Folha de São Paulo trouxe à tona uma importante questão a respeito da Política Nacional do Livro Didático (PNLD) do Ministério da Educação: ao abordarem os últimos governos, alguns dos livros de História aprovados criticam FHC e elogiam Lula.
Segundo o jornal, "97% da rede pública de ensino utiliza os livros do programa, os quais são inscritos pelas editoras e avaliados por comissões de professores de Instituições Públicas de Ensino Superior. São analisados critérios como correção das informações e qualidade pedagógica. As obras aprovadas são resenhadas e reunidas em um guia, que é enviado às escolas públicas para escolha dos professores."
Questionado, o Ministério da Educação alega utilizar-se de critérios técnicos para aprovar os livros, vetando as obras que "fizerem doutrinação política ou religiosa".

Não acho que critérios técnico-objetivos sejam suficientes para avaliar um livro didático, ao passo que julgo também não ser possível escrever ou realizar o processo de ensino-aprendizagem sem antes 'subjetivar' método e conteúdo - mesmo que de forma não deliberada. Não somos alheios ao mundo em que estamos inseridos, tampouco nossos objetos estão isolados de quaisquer influências. Pelo contrário, desde uma primeira abordagem efetuamos recortes, cujos critérios para exclusão ou inserção ultrapassam projetos pedagógicos.
Iludimo-nos com esta que pode ser "lobo em pele de cordeiro": a imparcialidade também carrega consigo muita ideologia.

domingo, 1 de maio de 2011

Teorias tradicionais de currículo


A partir do exposto pela obra de Tomaz Tadeu da Silva, "Documentos de Identidade", e pelas apresentações da Profª Jane Bittencourt, achei que seria didático um mapa conceitual das teorias de currículo. Acho esta uma ótima ferramenta de estudo e categorização de conteúdo.
Começo com as teorias tradicionais - as críticas são tantas que exigem mais afinco para a elaboração em forma de mapa.
Para visualizar melhor o mapa, basta clicar em cima dele.

O livro a que me referi está referenciado abaixo:
Silva, T.T.da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Autêntica, Belo Horizonte, 1999.